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LinkedIn: O Tinder do mundo corporativo e o sentimento de traição por trás do bi emprego

Quebra da palavra empenhada – esta é a queixa de muitos nos consultórios de seus Psicólogos. A saída que parece mais fácil, no caso de traição conjugal, é aquela de abandonar o traidor, mas nem sempre acontece assim. Desde os casos de dependência emocional severa, passando por aqueles de legítimo perdão e reconciliação, nunca há uma só resposta quando se fala em trair. Além disso, o que se considera traição atravessa desde as curtidas em redes sociais, passando por flertes virtuais e muita coisa antes mesmo da chamada traição física.

Mas traição vai muito além da relação afetiva. É possível quebrar um pacto também com um amigo. Pessoas que se sentem traídas por amigos há aos montes, resultando em rompimentos e muitos ressentimentos. No Dia do Amigo, inclusive, é comum ver na internet publicações de “mea culpa” por amizades rompidas e perdidas. E no ambiente de trabalho, não é diferente.

Se antigamente ia-se às escondidas a uma nova entrevista de emprego, estacionava-se o carro longe do local e torcia-se para não encontrar nenhum colega da firma concorrendo à mesma vaga na sala de espera da outra empresa, hoje em dia o cenário já é outro, como explica a psicóloga Maria Rafart.

“Atualmente o Linkedin é uma espécie de Tinder do mundo corporativo: a qualquer momento, você pode ser assediado por recrutadores do mundo inteiro – e que podem te apresentar uma proposta de trabalho que você consiga executar – sem abandonar o emprego anterior. É tentador! Alguns pacientes optaram pela via de, por exemplo, trabalhar numa empresa brasileira e em outra com fuso horário diferente”, diz a especialista.

Mas como tudo na vida, ter dois empregos tem seu ônus, e afeta diretamente no desempenho profissional. “Pessoas com o bi emprego oculto também revelam que sabem que poderiam performar melhor nos dois, mas a divisão acaba por lhes roubar energia e se confessam frustrados. A quase totalidade me relatou que pretenderia, um dia, deixar uma empresa e ficar trabalhando numa só, e que seria apenas uma fase de transição o que os impulsiona a estar nos dois empregos ao mesmo tempo”, explica Rafart.

“Muitos, contudo, se rendem às questões do crescimento de ganho financeiro e permanecem nos dois trabalhos. Começam a tratar do tema como se fosse uma traição amorosa. Não revelam seus planos e suas atividades extra a ninguém da empresa “originária”, por medo de se sentirem traidores. Em terapia, se debatem em temas que eu chamaria de muito parecidos com os da traição de relacionamentos: culpa, remorso e adrenalina ao não serem descobertos”, completa a psicóloga.

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